Elia Kazan
Nascimento:
7 de Setembro de 1909
Falecimento:
28 de Setembro de 2003
Local de Nascimento:
Constantinopla, Império Otomano
Pais: Turquia
Biografia
Cineasta norte-americano, viveu o conflito de ter colaborado com o macarthismo. No livro com a entrevista que deu a Michel Ciment - é o mais belos dos livros desse tipo, incluindo os de François Truffaut com Alfred Hitchcock, o de Tom Milne com Joseph Losey, o de Jon Holiday, com Douglas Sirk e o de Peter Bogdanovich com Fritz Lang -, Elia Kazan diz no fim algo muito forte. "Não fiz tudo o que gostaria, não gosto de tudo o que fiz, mas aqui estou eu, com meus defeitos." Queria ser avaliado só pelos filmes que fez a partir de Viva Zapata!, para ele os únicos que contavam. Entre os anteriores encontram-se A Luz É para Todos, que lhe deu o Oscar em 1947, e Uma Rua Chamada Pecado, que adaptou de Tennessee Williams, em 1951. Mas ele considerava o filme sobre o revolucionário mexicano, de 1952, o verdadeiro marco zero de sua obra, uma das mais extraordinárias do cinema americano e mundial.
Ao contrário de Billy Wilder, que virou uma rara unanimidade, Elia Kazan foi sempre motivo de discórdia. Há quatro anos, Kazan foi homenageado pela Academia de Hollywood com um Oscar honorário, por sua carreira. Em geral, o público levanta-se para aplaudir de pé esses artistas que são sempre recompensados por sua contribuição à arte e à indústria do cinema. Kazan não foi vaiado, como se temia que fosse, mas poucos se levantaram e a maioria sequer o aplaudiu. Essa hostilidade tem a ver com o que houve com ele no começo dos anos 1950, quando Kazan aceitou colaborar com o macarthismo, entregando os nomes de alguns comunistas ao Comitê de Atividades Antiamericanas do Senado, presidido pelo senador McCarthy.
Kazan já era um grande nome do cinema. Outros - John Huston, Humphrey Bogart - resistiram à pressão do comitê. Ele dedurou em protesto contra os rumos que tomara o Partido Comunista Americano, cujos quadros integrou. Abominava o stalinismo. Quando fez seu retrato do revolucionário em Zapata!, o personagem que saiu era trotskista. Os nomes que Kazan entregou já eram conhecidos. Sua delação foi muito mais simbólica. Ele plantou (e colheu) ódio. Reagiu com cólera. Muitos atores e diretores que aceitaram colaborar com o macarthismo se destruíram como artistas e até como indivíduos. Kazan transformou a delação numa impressionante armadura moral. Seus filmes se tornaram cada vez mais críticos do estilo americano, como se ele quisesse deixar claro que não delatou para ganhar pontos em Hollywood. Por isso, considerava os filmes posteriores a Zapata! os que melhor o expressavam, os únicos pelos quais gostaria de ser lembrado. E acrescentava que eram uma espécie de cartão de visita: "Aqui estou, tal como sou. Pensem o que quiserem, mas me avaliem pela obra. Quem tem de gostar da minha vida sou eu."
Ele chegou a Nova York aos 4 anos. Nasceu em Constantinopla, filho de pais gregos. Houve um tempo em que a atual Turquia pertenceu à Grécia. Depois que os turcos se instalaram na Anatólia, os descendentes de gregos passaram a ser uma minoria oprimida e aterrorizada. A mais antiga lembrança que Kazan admitia ter era dele no colo da avó, que lhe contava as histórias dos massacres dos armênios. Mais tarde, ele contou essas (e outras) histórias em Terra do Sonho Distante, de 1963, quando se voltou para as suas origens para tentar entender quem era e por que, filho de emigrantes, se sentia um estrangeiro nos EUA. Kazan foi sempre um emigrado.
Como toda criança pobre, começou seus estudos em escolas públicas de Nova York. Foi o destino que o encaminhou a um colégio de Arte Dramática. Nova York ia conviver com um Kazan persistente, talentoso e batalhador.
Estreia no teatro em 1932, num pequeno papel. Freqüenta outros teatros e está sempre alinhado com artistas considerados "inconformistas". Nos anos 1940, como diretor, virou uma das estrelas da Broadway, com montagens de autores contemporâneos e clássicos que entraram para a história. E tornou-se comunista. Kazan gostava de situar as origens de seu comunismo no período em que estudou em Williams, tentando integrar-se ao mundo anglo-saxão. Sentia hostilidade pelos privilégios e até pela beleza daqueles wasps (brancos, anglo-saxões e protestantes), que desfilavam sua arrogância perante os outros - e o jovem Kazan era um desses outros. Nos anos 1930, integrou-se ao Group Theatre, cujos quadros eram formados predominantemente por esquerdistas. Lá, desenvolveu uma amizade que foi fundamental em sua vida, com Lee Strasberg. Em 1947, fundaram o Actor's Studio. E naquele ano Kazan ganhou o primeiro Oscar. Pela Actor´s Studio passaram nomes como Marlon Brando, James Dean, Paul Newman. Kazan escreveu livros de sucesso e dirigiu vários espetáculos na Broadway.
Quando chegou a Hollywood, ostentava a reputação de enfant terrible da Broadway, onde montara A Morte do Caixeiro-Viajante e Um Bonde Chamado Desejo (que virou Uma Rua Chamada Pecado no cinema). Sua chegada ao cinema era ansiada desde 1934. Dez anos depois, Kazan faz o seu batismo de fogo. O filme, "Laços Humanos" agrada críticos , exibidores e produtores .Os primeiros filmes tratavam de temas polêmicos: o anti-semitismo em "A Luz É para Todos", o racismo em "O Que a Carne Herda". "Sindicato de Ladrões" lhe deu o segundo Oscar, em 1954 (ganhou oito estatuetas, entre os quais Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator - Marlon Brando)."Mar Verde" enfoca a luta desigual de grandes contra pequenos colonos; "O Justiceiro" centra o foco num êrro jurídico, fato verídico; "Pânico nas Ruas" um quase documentário flagra os miseráveis de New Orleans; "Um Bonde Chamado Desejo" ( A Street Car Named Desire) traz com força extraordinária o teatro de Tennessee Williams para o cinema e marca definitivamente um novo ídojo: Marlon Brando; "Viva Zapata", o jovem diretor flerta com a liberdade, nunca esquecendo os aspectos e contradições eminente humanas do revolucionário Zapata e seus aliados; "Os Saltimbancos" é uma das primeiras vezes que o diretor troca farpas com os regimes comunistas (mesmo sendo filiado ao PC). Elia Kazan faleceu aos 94 anos, em 30 de setembro de 2003.
Fotos
Melhores Filmes
Filmografia
1976 – The Last Tycoon (O último magnata) / 1972 – The Visitors (Os visitantes) / 1969 – The Arrangement (Movidos pelo ódio) / 1963 – America, America (Terra de um sonho distante) / 1961 – Splendor in the Grass (Clamor do sexo) / 1960 – Wild River (Rio violento) / 1957 – A Face in the Crowd (Um rosto na multidão) / 1956 – Baby Doll (Boneca de carne) / 1955 – East of Eden (Vidas amargas) / 1954 – On the Waterfront (Sindicato de ladrões) / 1953 – Man on a Tightrope (br: Os saltimbancos / pt.: Salto mortal) / 1952 – Viva Zapata! / 1951 – A Streetcar Named Desire (Uma rua chamada pecado) / 1950 – Panic in the Streets (Pânico nas ruas) / 1949 – Pinky (O que a carne herda) / 1947 – Gentleman's Agreement (A luz é para todos) / 1947 – Boomerang! (O justiceiro) / 1947 – The Sea of Grass (Mar verde) / 1945 – A Tree Grows in Brooklyn (Laços humanos) / 1937 – The People of the Cumberland (curta-metragem)
Prêmios e Indicações
Oscar
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1948: Melhor diretor – Gentleman's Agreement
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1955: Melhor diretor – On the Waterfront
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1999: Oscar honorário
Globo de Ouro
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1948: Melhor diretor – Gentleman's Agreement
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1955: Melhor diretor – On the Waterfront
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1957: Melhor diretor – Baby Doll
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1964: Melhor diretor – America, America
Prêmio Bodil
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1955: Melhor filme americano – On the Waterfront
Festival de Cannes
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1955: Melhor filme dramático – East of Eden (vencedor)
Festival de Veneza
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1955: Prêmio OCIC – On the Waterfront
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1954: Leão de Prata – On the Waterfront
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1954: Prêmio dos críticos de cinema italianos – On the Waterfront
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1951: Prêmio especial do júri – A Streetcar Named Desire
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1950: Prêmio internacional – Panic in the Streets
Festival de Berlim
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1953: Prêmio especial do senado de Berlim – Man on a Tightrope
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1996: Urso de Ouro honorário
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1958: Melhor filme americano – East of Eden